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Sem duvida nenhuma o dirigível de numero 9, também chamado de “La Balladeuse” (a carruagem) foi o invento de vôo individual mais elegante.
Sem duvida nenhuma o dirigível de numero 9, também chamado de “La Balladeuse” (a carruagem) foi o invento de vôo individual mais elegante.
Santos=Dumont conduzia seus experimentos com
muito estilo, tendências dandy, neo vitorianas, steam-punks, etc., faziam dele
um artista-cientista.
A seguir coloco algumas publicações
francesas e americanas de seus feitos quando pilotava seu dirigível Numero 9
pelas ruas de paris.
- New York Herald 24 de junho de 1903
(Vocês perceberão que no texto a
localização do hangar de Santos=Dumont fica em St. James, quando na verdade,
sua verdadeira localização era em St Cloude. Coloquei a matéria em sua integra,
e sugiro que os erros sejam ignorados).
.
“M. Santos-Dumont vai em seu número 9 para
breakfast na Champs-Elysees.
Faz viagem de
manhã cedo partindo do hangar em Neuilly até à sua residência.
Uma EXPERIÊNCIA
SATISFATÓRIA
Construiu plataforma de chegada em sua
varanda para uso em ocasiões futuras
M. Santos-Dumont ontem fez uma viagem logo
cedo aparecendo no Santos-Dumont No.9 a partir da nacela de seu balão em St.
James e de lá para a sua residência, no n º 114 da Avenida Chaps-Elysees, onde
tomou café da manhã com alguns amigos e depois voltou para o "ponto de
partida".
Ele afirmou que estava desejoso já há
alguns dias de fazer tal viagem sobre a cidade, porem não estava seguro de
assumir o risco de passar com o pequeno balão dirigível por cima das casas com
tão pequena quantidade de um lastro a bordo.
No seu n º 9 no entanto, ele poderia
transportar uma maior quantidade de lastro, desta forma, ele decidiu fazer a
viagem em naquele balão.
O tempo na segunda-feira havia melhorado
muito estava com toda a aparência de que poderia ser perfeito, então M.
Santos-Dumont deu ordens a seus trabalhadores para manterem-se em prontidão
para a manhã de ontem, pois partiriam aproximadamente as sete ou as oito horas.
A noite de segunda-feira tornou-se muito
bela e como a condição o compelia, M. Santos-Dumont não conseguiu mais dormir.
Não, ele decidiu se levantar ainda mais cedo do que pretendia.
Eram três horas quando ele se levantou,
rumou imediatamente para o galpão do balão, chegando lá exatamente.às quatro
horas.
O vento estava soprando na direção contrária
ao que ele desejava viajar e não havia luz o suficiente, ele achou que isso não
impediria de forma alguma o programa do N º 9.
Seus trabalhadores estavam todos dormindo
quando ele chegou no galpão, pois eles não o esperavam até pelo menos três
horas mais tarde M. Santos-Dumont acordou-os, e eles começaram a trabalhar
imediatamente na preparação, que foi terminada por volta das seis horas .
Tudo pronto .
Os automóveis nos quais os trabalhadores
estavam por seguir o balão, já estavam a postos, e tudo estava pronto para o
início .
M. Santos-Dumont subiu na barquinha, e o n
º 9 navegou pelo o ar, o vento, muito fraco, e até mostrava sinal de maior
abrandamento.
Havia uma névoa fina no ar, que foi
considerada um sinal de bom augúrio, o tempo continuaria estável.
Antes de mais nada, manobrou o balão em
todas as direções para testar os aparatos de direcionamento e, em seguida segui
em curva para a Avenida du Bois du Boulogne. M. Santos-Dumont diz nunca ter
visto essa avenida tão deserta. Nenhuma pessoa estava à vista e não havia outro
veículo além dos dois automóveis de seus trabalhadores.
A tentação de continuar a viagem foi muito
grande, e M. Santos-Dumont decidiu realizá-la. Chegou sem dificuldade ao Arc de
Triomphe, seu guide-rope arrastava-se ao longo da estrada, logo que não havia perigo
de impedir o tráfego, em tal condição.
Ao redor do Arco.
Ele conduziu seu balão em volta do grande
arco monumental, contornando bem rente, para testar sua o mecanismo do leme, e
logo em seguida começou sua jornada ao longo da avenida du Champs Elysées, a
mesma solidão prevalecia nas ruas como na avenue du Bois, mesmo sendo já quase
sete horas.
Clique na imágem acima para ver os controles de direcionamento do Dirigível Santos=Dumont No 9
Quando se aproximou de sua residência as
ruas começaram a apresentar uma aparência mais viva . Operários estavam
seguindo para começar seu dia de trabalho, entregadores de jornais iam de casa
em casa, e os aguadeiros da cidade começavam a molhar as avenidas.
Ao chegar na porta oposta da sua casa,
reconheceu alguns amigos, os quais saudou. Em seguida, o balão começou a descer
e, finalmente, alinhou-se exatamente à porta de entrada. Os trabalhadores que o
seguiam seguraram seu guide-rope.
Sua plataforma de desembarque.
M. Santos-Dumont explicou, mais tarde, que
ele não teria mais a necessidade dos serviços de seus trabalhadores para
auxiliá-lo no desembarque em sua residência, uma vez que ele já havia
construído uma plataforma de desembarque em conexão com sua varanda, só seria
necessário chamar um ajudante. Ele não fez isso ontem de manhã porque não lhes
tinha dado aviso prévio de sua intenção.
Motor do n º 9 Clement BAyard de 2 cilindoros e 3 cavalos, vendido por Santos=Dumont ao Sr Boyce, em exposição no Smithsonian |
Esta plataforma de desembarque é um
dispositivo excelente, construída de acordo com M. Santos-Dumont a partir dos
planos fornecidos em um livro que descreve o futuro da aeronáutica, escrito por
um autor Inglês . Neste volume um sistema completo de balonismo é descrito, e
traz todos os detalhes sobre a maneira correta de como aterrissar em casas
quando seremos capazes de manobrar um balão.
No início da viagem de regresso, o vento,
aumentou consideravelmente em força, o balão foi então conduzido ao longo da
avenida por meio do guide-rope. M. Santos-Dumont não quis a principio adotar
esta precaução, mas cedeu aos conselhos de seus assistentes que o alertavam
para o perigo.
Uma vez no Bois, no entanto, o guide-rope
foi solto, e M. Santos-Dumont continuou sua viagem, contando com os aparatos de
direcionamento, e em tempo hábil, após uma experiência bem sucedida, ele chegou
ao seu hangar em-St. James.
M. Santos-Dumont está tão satisfeito com
sua experiência que ele pretende em breve fazer mais testes do mesmo tipo.”
14 Juliet e o N.9 |
Voo noturno do dirigível numero 9 de Santos=Dumont - a iluminação vinha de um holofote produzido nas oficinas de seu amigo Louis Bleriot |
“Eu acabar de sentar-me no terraço de um café na Avenue du Bois de Boulogne, e estava saboreando uma laranjada gelada. De repente, fui sobressaltado ao ver uma aeronave descer bem à minha frente. A corda-guia se enrolou pelos pés da minha cadeira. O aparelho parou logo acima dos meus joelhos, e Santos-Dumont desembarcou. Verdadeiras multidões avançaram e aclamaram entusiasticamente o grande aviador brasileiro; elas admiram a coragem e o espírito esportivo.
Santos=Dumont pediu-me gentilmente desculpas por me haver assustado; após o que, ele pediu um ‘apéritif’, sorveu-o tranqüilamente, subiu de volta à aeronave, e foi-se, deslizando pelo espaço. Sinto-me feliz por ter contemplado o homem-pássaro com os meus próprios olhos.
No dia seguinte, eu fui até o Bois de Boulogne. Justamente quando meu carro ia transpor a Porte Dauphine, o homem-pássaro pousou no pavimento. Os policiais avançaram às pressas, fazendo parar todos os transeuntes a pé, a cavalo e em todos os tipos de veículos. Os cavalos trotadores relincharam, os motores roncaram nos automóveis que iam sendo bruscamente freados, sacolejando seus ocupantes. As babás que levavam crianças para um passeio ao ar livre mostraram-se nervosas. Que se passava? Seria algum conflito? Não. Era Santos-Dumont em outro dos seus passeios aéreos.
É noite. Eu vou caminhando sob as árvores. Subitamente tropeço numa corda. Esta não se parece absolutamente com a trança de Rapunzel. Ouço o barulho de folhas amarfanhadas acima de mim, e uma voz zangada grita:
Voo noturno de Santos=Dumont pelas ruas de Paris |
‘Não consigo ver nada! Vou quebrar a cabeça!’ Levanto assustado o nariz, e vejo um monstro escuro cujo olho brilha com acitileno. Não é uma coruja gigantesca; é o tal veículo encantado de Santos-Dumont!
Já é madrugada, e eu estou voltando para casa. A ceia prolongou-se demais, e nós tivemos a idéia pouco sensata de experimentar novas bebidas de origem americana. Minhas pernas parecem ser de gelatina e minha cabeça não está lá muito certa. O Champs-Elysèes está deserto, no lusco-fusco da madrugada.De repente alguém me grita qualquer coisa. Trata-se, evidentemente de uma ilusão, pois não há ninguém por ali àquela hora. Mas não! Preciso acreditar em meus ouvidos! É realmente para mim que uma voz misteriosa grita: ‘Mova-se para a direita! Minha corda-guia vai atingi-lo’. É ele outra vez! Sempre ele! Ele, acima de todos! Desce mansamente na sua sacada, e seus criados trazem-lhe o café da manhã.”
Que Fim Levou o N9?
Santos=Dumont jamais deixaria seu melhor dirigível forsse para em mãos que não confiasse, e de fato o homem que comporu a La Baladeuse Nº9 e o Santos=Dumont Nº 8, foi um grande homem, bem como o primeiro homem a pilotar um dirigível na América, um verdadeiro amigo aemrciano, Edward C Boyce.
Edward C Boyce era era um arquiteto talentoso, (saiba mais sobre Edward C Boyce e seus feitos) magnata do setor de parque de diversões e coproprietário da Dreamland em Coney Island, bem como da White City em Chicago.
É importante dizer aqui que talvez o dirigível do Número 8, comprado por Boyce, seja o Numero 6 modificado, assim como o Nº 6 veio de modificações no Nº 5 após o acidente de 8 de agosto. Os critérios para a numeração dos dirigíveis de Dumont nunca foram claros.
Boyce foi sem dúvida uma figura multifacetada no início do século 20, que se dedicou à emergente aviação da época, tornando-se um dos pioneiros idealizadores do Aero Club of America.
É ai que vem a parte intrigante – não se tem a sua data de nascimento, óbito pouco se sabe sobre suas contribuições para o Aeroclube, nem mesmo uma boa foto dele.
Foto do escritório de Boyce 302, Broadway, NY - Catálogo de Parques 1904 |
Uma das afirmações mais intrigantes sobre ele é que ele teria sido o primeiro homem a pilotar um dirigível na América, conforme relatado no artigo do THE EVENING TIMES de 1º de outubro de 1902.
Matéria no THE EVENING TIMES de 1º de outubro de 1902. |
“A disputa era entre o dirigível Santos=Dumont Nº 8 (alguns dumontologistas acreditam que possa ter sido o Nº 6), o grande dirigível que esteve em Brighton Beach durante todo o verão, e o Pegasus, dirigível do aviador rival, que estava em um estábulo em Manhattan”.
Tanto Dumont quanto Boyce, por motivos ligados a egos inflamados e distorcidas narrativas históricas, nunca tiveram o reconhecimento de weus enormes feitos.