sábado, 5 de agosto de 2023

Le Fatum - Experimento Inovador na Busca pelo Equilíbrio Aéreo

Le Fatum, criado por Santos=Dumont e Emmanuel Aimé

No mês de julho de 1901, um encontro crucial para a exploração aeronáutica foi realizado, trazendo à cena diversos entusiastas e pioneiros do voo. Entre os presentes estavam nomes notáveis como Emmanuel Aimé, Alberto Santos-Dumont, Georges Besançon, e muitos outros. A reunião ficou marcada por um teste de destaque que foi conduzido com o balão "Fatum".


O "Fatum" era um balão esférico auxiliar, construído com um inovador sistema de termostato equilibrador, desenvolvido por Emmanuel Aimé e Alberto Santos-Dumont. A intenção por trás desse teste pioneiro era explorar maneiras de controlar a ascensão e descida do balão com maior precisão, sem depender inteiramente dos tradicionais lastros de areia e/ou água.

Teste do Fatum L'Aérophile, Julho de 1901

O balão "Fatum" possuía uma configuração única. Com cerca de 50 metros cúbicos de volume e um diâmetro de 2,50 metros, o cilindro termostático possuía a forma de um balão auxiliar feito de um material leve conhecido como "frou-frou". 

Metade da superfície do cilindro era branca, enquanto a outra metade era preta. 

Esse cilindro era aberto na parte inferior e fechado na parte superior, e sua estrutura era composta por dois cilindros suspensos dos lados do balão principal, equilibrados por um bambu que repousava na circunferência do balão.

Teste do Fatum L'Aérophile, Julho de 1901

O funcionamento do termostato equilibrador era baseado na interação da radiação solar com o cilindro preto do termostato. Quando o sol agia sobre essa parte, o ar interno se expandia, causando a elevação do sistema a uma altitude maior, o que torna  termostato eficiente somente em dias claros e ensolarados.

Durante o teste, o "Fatum" foi lançado a partir do Parc d'Acrostation de l'Aero-Club, inicialmente seguindo em direção a Sèvres. A medida que subia, o cilindro termostático era ativado, elevando o sistema a uma altitude de mil metros. No entanto, conforme as nuvens passavam pelo sol, o funcionamento do termostato foi temporariamente interrompido.

Os resultados dos testes com o "Fatum" foram impressionantes, mas também reveladores, ficou claro que o termostato equilibrador tinha um potencial notável para controlar a ascensão e descida de balões, proporcionando maior autonomia e precisão, más a dependência da radiação solar limitava sua eficácia a dias ensolarados, o que apresentava um desafio significativo.

Embora os resultados do termostato equilibrador fossem promissores, sua dependência das condições solares destacou a necessidade de continuar a busca por métodos mais eficazes de controle de balões e aeronaves. A história do "Fatum" serve como um lembrete inspirador de como a coragem para desafiar os limites e a criatividade para desenvolver soluções únicas podem impulsionar o progresso e a inovação na busca pelo voo humano.

Funcionamento 

O funcionamento do termostato equilibrador em forma de tubo "frou-frou" (sanfonado) estava diretamente ligado à regulação da temperatura interna do balão "Fatum" e, consequentemente, ao controle da sua ascensão e descida. Esse sistema de equilíbrio era projetado para explorar as propriedades do ar aquecido pelo sol, criando uma maneira de controlar a flutuação do balão.

O funcionamento do termostato de balanceamento foi baseado na interação da radiação solar com o tubo ausiliar com faces preta e branca do termostato - quando o sol aquece o lado preto do balão auxiliar, o frou-frou se expande e o balão sobe. E quando, por sua vez, o tubo com seu lado branco fica longe da radiação solar, o ar esfria e o balão desce.

Quando a parte preta do termostato, que consistia em um cilindro de material leve e expansível, era exposto à radiação solar direta, absorvia calor, fazendo com que o ar interno se expandisse. Esse aumento no volume do ar interno resultava em uma diminuição na densidade do ar dentro do cilindro termostático, tornando-o mais leve em relação ao ar ambiente.

Com o cilindro termostático expandido e mais leve, a tendência era que ele se esticasse, aumentando o comprimento da parte sanfonada. 

Esse esticamento criava uma força ascendente, auxiliando no processo de elevação do balão "Fatum". O balão principal, por sua vez, era equilibrado pelo peso do cilindro termostático e outras partes da estrutura, como mencionado na descrição anterior.

À medida que o balão "Fatum" subia e ganhava altitude, o cilindro termostático continuava a absorver calor solar, mantendo-se expandido e alongado, isso resultava em uma força ascendente constante que ajudava a contrabalancear o peso do balão principal e dos passageiros, permitindo que o balão subisse a altitudes desejadas.

Por outro lado, quando o balão precisava descer, recolhia-se o "frou-frou" com a parte branca voltada ao sol, o ar resfriado ficava mais denso e pesado, reduzindo a força de flutuação do termostato e permitindo que o balão começasse a descer gradualmente.

Embora o termostato equilibrador tenha mostrado um potencial promissor para regular a altitude do balão "Fatum", sua eficácia era limitada às condições solares. Em dias nublados ou à noite, quando a radiação solar não estava presente, o termostato não funcionava, e o balão dependia mais dos lastros de areia e/ou água tradicionais para controle de altitude.

Momentos de Tensão 

Em um dos momentos mais tensos durante o teste do balão "Fatum", um incidente ocorreu quando o termostato equilibrador, estava solto ao lado do balão principal. Esse episódio demonstrou a complexidade e os desafios associados à experimentação aeronáutica pioneira.

Enquanto o balão "Fatum" ascendia com o cilindro termostático suspenso ao lado, ocorreu uma situação de risco quando o balão auxiliar ficou agitado e descontrolado, ameaçando rasgar o balão principal. A configuração do termostato equilibrador envolvia suspender o cilindro termostático de ambos os lados do balão, equilibrado por um bambu que repousava na circunferência do balão. No entanto, em determinado momento, a instabilidade atmosférica ou outras circunstâncias não previstas podem ter levado o aeróstato a se aproximar perigosamente do balão principal.

A proximidade do aeróstato ao balão principal representava uma ameaça potencial, pois poderia resultar em colisão ou interferência com a estrutura do balão, comprometendo a segurança do experimento. A situação exigiu ação rápida e decisiva por parte dos envolvidos para evitar qualquer dano ou acidente.

Enquanto "Le Fatum" ascendia com o cilindro termostático suspenso ao lado, ocorreu uma situação de risco quando o balão auxiliar ficou agitado e descontrolado, ameaçando rasgar o balão principal. 

Embora a descrição detalhada desse incidente não tenha sido fornecida no trecho compartilhado, ele destaca a natureza desafiadora e imprevisível da exploração aérea naquela época. A experimentação aeronáutica estava repleta de incertezas e riscos, com os pioneiros enfrentando uma série de obstáculos enquanto buscavam compreender e controlar o voo.

Em última análise, o teste do balão "Fatum" representou um marco importante na história da aeronáutica experimental, mostrando a capacidade de inovação e a busca constante por soluções criativas na busca pelo voo controlado. A reunião de mentes brilhantes como a dos grandes amigos Dumont e Aimé, e os resultados obtidos contribuíram para a evolução contínua das tecnologias aéreas e estabeleceram as bases para futuras explorações no campo da aerostação.

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