domingo, 23 de janeiro de 2011

Santos=Dumont e Yolanda Penteado – Um lindo caso de amor

foto da avenida Rio Branco - RJ - tirada aproximadamente em 1929

A minissérie produzida pela Rede Globo Um Só Coração, que prestou uma homenagem à cidade de São Paulo quando do aniversario de 450 anos (janeiro e fevereiro de 2004) levantou um assunto que já havia sido duvida em tempos anteriores, o eventual envolvimento de Santos=Dumont e Yolanda Penteado. Veja meu artigo neste blog sobre como os dois se divertiam em St Morritz, com o invento de S=D chamado de “Transformador Marciano” http://santosdumontvida.blogspot.com/2008/10/o-conversor-marciano.html .
Uma produção de 10,5 milhões de reais contou com a interessante interpretação de Cássio Scapin (muito parecido com o aviador) no papel de Santos=Dumont e como todos bem devem lembrar, Ana Paula Arósio no papel de Yolanda.
Na trama Santos=Dumont “fazia a corte” à Yolanda, enquanto que Yolanda não dava muita trela. A minissérie foi considerada excessivamente fantasiosa por, entre outras coisas, colocar um Santos=Dumont com a aparência de 30 anos de idade, praticamente a mesma de Yolanda. Só que, Santos nasceu em 20 de julho de 1873 e Yolanda em 6 de janeiro de 1903 o que da a eles uma diferença de 30 anos, aumentada ainda mais devido a condição de envelhecimento precoce de Dumont, resultado de um problema de ordem nervosa.
No livro Santos=Dumont um Herói Brasileiro, Antonio Sodré relata que Yolanda, casada na época, possivelmente teve amantes, dentre os quais Assis Chateaubriand e o próprio Santos=Dumont.
Maria Adelaide Amaral, também tem sua versão sobre o comportamento de Yolanda: "Só a filha de um dos amantes de Yolanda, um homem casado da sociedade paulistana, se recusou a ajudar", conta a escritora da minissérie.
Os textos mais ricos sobre o relacionamento de Dumont com Yolanda vem do livro “Tudo em Cor de Rosa”, escrito pela própria Yolanda Penteado. Neste livro encontramos os seguintes relatos de Yolanda: “Mas de fato, ele (Santos=Dumont) me fazia a corte: trazia bombons, flores, levava-me a passear. Dizia-se que ao ver-me ficava elétrico”. “Saia muito com ele, de manhã, passeávamos a Pê pela Avenue dês Acácias, depois ã Porte Dauphine tomar um vinho do Porto.
À noite, freqüentávamos os restaurantes, desde que não fossem barulhentos, pois ele ficava realmente nervoso com o barulho. Tinha horror a jazz...e dizia: ‘se tiver jazz não vou, nem quero ver muita gente. Os maridos, ainda suporto, mas barulho, não’.”.
Dizia-se que Yolanda era sobrinha de Dumont, mas não é verdade. Havia muita amizade entre a mãe de Yolanda e a cunhada de Alberto (Amália) que era meia tia de Yolanda. Ainda em seu livro Yolanda diz: “Os amigos de S=D me conheciam como ‘la nièce à Dumont’ (sobrinha de Dumont)”.
Teria mesmo acontecido um envolvimento de Santos com Yolanda? Os textos sobre o assunto são os mais variados, por isso resolvi apelar para as fotos.
Nesta seqüência, fotos tiradas entre 1924 e 1928 o dois demonstram intimidade e satisfação de estarem juntos, o que não necessariamente significa um envolvimento afetivo/amoroso. No entanto, esta foto de uma avenida me parece reveladora no contexto geral (a foto é da Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro). Nela Santos Dumont escreve a Yolanda “Ema. Sra. Da. Yolanda, aqui vai uma foto da celebre AVENIDA da qual a Sra. Já tenha talvez ouvido falar !”.
Era fato bastante comum que Yolanda e Santos passeassem muito juntos por diversas avenidas de Paris, a própria Yolanda relatou isso em seu livro. O que então teria acontecido nesta avenida de tão importante para justificar o sarcasmo de S=D. Eu, como ilustrador que sou, resolvi arriscar minha teoria (veja ilust que encabeça este artigo).
O que realmente percebo é que existia muito amor entre os dois, e para responder se existiu uma relação mais intensa ou não, somente eles poderiam saber.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Redescobrindo o hangar de Santos=Dumont em St Cloud

Emmanuel Aimé, Santos=Dumont na nascele do Número 4 e Samuel Pierpont Langley, 01 de agosto de 1900

O Hangar de Saint Cloud ficou muito conhecido por receber várias celebridades da aerostação, incluindo o diretor do Museu Smithsonian, Samuel Pierpont Langley (22 de agosto de 1834 - 27 de fevereiro de 1906), um pioneiro da aviação, astrônomo e físico americano que inventou o bolômetro e Henri Deutsch de la Meurthe (Quartier de la Villette, 25 de setembro de 1846; Château de Romainville, 24 de novembro de 1919), magnata do petróleo e diretor do Aeroclub de France - todos vinham ver Santos=Dumont testar seu dirigível do número 4.


É a partir deste ponto de sua vida que Dumont começa a conceber suas invenções como extensões de seu corpo, que mais tarde o tornaria conhecido por ser por muito tempo o único homem a pilotar as chamadas “aeronaves de vestir” a cada inovação substituiria cordas amarradas ao cesto de vime por volantes chaves,  procurava melhorar item por item em processo contínuo de em eficiência e praticidade.


Com o número quatro Dumont testou várias inovações, abandonou o cesto de vime como elemento central e passou a adotar nasceles rígidas, ao perceber os benefícios do rígido bambu do numero 3.


Aumentou também o volume do involucro, primeiramente para 420 e pepois para 520 m3 de hidrogenio.

Dia da ascenção do N.4 - 1o de agosto de 1900, Emmanuel Aimé, Santos=Dumont, Samuel Pierpont Langley, entre outros.

Alem disso substituiu lastros de areia por lastro líquido.

Outra substituição importante foi a do motor, passou de seu pitoresco De Dion Boutton modificado, primeirametne por um Buchet de 2cl com 7cv e depois por outro Buchet de 4 cl e 16 cavalos.

O número 4 trouxe grandes avanços para seus dirigíveis, mas ainda assim ele percebeu alguns defeitos que precisavam de modificações.  


O primeiro deles era uma estrutura semelhante a uma barquinha poderia ser uma nascele muito mais eficiente para carregar o tanque de combusível, tanque de lastro líquido e muito mais.

Entendeu também que o selim de bicicleta não apresentava as condições necessárias de segurança em comparação com o recurso simples e altamente eficiente que é o cesto de vime.

E por fim, devido a constantes gripes que pegava por conta do vento gerado pela hélice, resolveu modificar sua disposição, que não mais puxava o dirigível más passou a empurrá-lo pelos ares.



Eu tive menos dificuldades para achar o local onde ficava o Hangar de St Cloud, de onde partiram os primeiros dirigíveis de Santos=Dumont, do que para achar o local do acidente com o Numero 6
(veja artigo http://santosdumontvida.blogspot.com/2010/09/desvendando-o-acidente-de-08-de-agosto.html ).

Meu ponto de partida foram os diversos textos que relatam a construção de uma estatua denominada de “o Ícaro de Saint Cloud” feita em homenagem a Santos Dumont, inaugurada em 19 de outubro de 1913, próxima de onde era o hangar de Santos=Dumont com a inscrição: "A Monument Été Élevé Par L'Aéreo Club de France, Pour Commémorer Les Expériences de Santos Dumont, Pionnier De La Locomotion Aérieme”.
O que poucos brasileiros sabem é a estatua original que ficava na Santos=Dumont Square – St Cloud entre a avenue de Suresnes e a avenue do Maréchal Jean de Lattre de Tassigny, foi derretida durante a segunda guerra mundial para a construção de armas e restituída em 1952 pela comunidade brasileira, uma replica bastante semelhante da estatua original no mesmo local.

Eu planejei pegar o bonde elétrico para descer na Gare Parc de St Cloud no entanto, curiosamente tomei por engano o trem da linha Paris-Saint-Lazare - Versailles-Rive-Droite para descer na Gare de Saint-Cloud.
Isso me colocou exatamente numa via com escadas que eu já conhecia de fotografias antigas e que pouco havia mudado.
Esta ruela com escadarias dava exatamente na estatua do Ícaro de St Cloud.
Ao ver esta foto parece que o endereço do Hangar fica aproximadamente entre os números 10 e 80 da Avenue du Maréchal Jean de Lattre de Tassigny, Saint-Cloud.
S=D estava constantemente gripado devido aos testes do N.4 - foi então que ele resolveu colocar a hélice na popa.