sábado, 13 de novembro de 2021

Santos Dumont ou os irmãos Wright, Quem realmente inventou o avião Parte 2


O assunto da ‘primazia do voo’ ganhou novo impulso depois da declaração polêmica feita pelo respeitado estudioso de aviões, o Lito, do Canal Aviões e Músicas no Youtube (220k de acessos), que acredita na versão que os Imãos Wright tenham sido os primeiros a voar, enquanto que o um dos pioneiros no voo civil ao espaço e agente espacial credenciado da Virgin Galactic, Marcos Palhares veementemente discorda. Se você não leu a primeira parte dessa matéria, por favor clique aqui.


Após uma exaustiva pesquisa documental, que incluiu a leitura de vários jornais da época, escrito em vários idiomas, inclusive todos as edições da L'Aérophile, revista francesa especializada no assunto da época, desde 1902 até 1910, bem como um CD-ROM com todas as notícias dos irmãos Wright, trabalho minucioso nunca antes feito sobre o asunto. Palhares expõe de forma definitiva os fatos, e nos mostra de forma documental que Santos=Dumont foi, sem sombra de dúvidas o inventor do mais-pesado-que-o-ar (assista a LIVE).

O primeiro voo efetivamente público dos irmãos Wright aconteceu somente em 08 de Agosto de 1908, no qual foi devidamente acompanhado por uma comissão científica, documentado por fotos e filmado na presença do grande público. Antes disso, todos os outros voos alegados não tiveram nenhum tipo de comprovação, foram meramente baseados em alegaçãoes e fotos fora de conterxto, não muito diferendte do voo dos pioneros anteriores a Dumont.

Aqui faço um apanhado geral da arguentação que Marcos Palhares, defendendo a pimazia por Santos=Dumont, apresentada em uma live feita no ultimo dia 12 de novembro, em comemoração ao 115.º  aniversário do primeiro voo do 14-Bis, ao meu lado - Luiz Pagano escritor desse blog e de Henrique Lins de Barros, maior especialista e biografo de Santos=Dumont. 

Tudo começou quando Palhares visitou o The National Air and Space Museum en Washington, DC, ele buscava algo sobre Santos=Dumont, e ficou enormente frustrado ao encontrar apenas uma maquetezinha e os dizeres que menosprezavam o voo de Santos=Dumont em comparação aos irmãos Wright. A instituição teve grande ligação com Santos=Dumont no passado, muito em parte pela amizade de Dumont e de Samuel Pierpont Langley, outro grande pioneiro da aviação americano e terceiro secretário do Smithsonian, ocupando o cargo de 1887 a 1906.

Live em comemoração aos 115 anos do voo do 14-Bis - Luiz Pagano, Marcos Palhares e Henrique Lins de Barros

Sabemos que o dirigível N.º  9 pertence ao museu, entre outras maravilhas feitas pelo aviador – por que então não estão em exposição?

É verdade que existiu nos Estados Unidos a chamada ‘Guerra das Patentes’, iniciada pelos irmãos Wright, na qual o magistrado acaba beneficiando os secretos e implausiveis voos do Wright, reduzindo a importância de outros pioneiros americanos realmente importantes, como o próprio Langley, e o incrivel Glenn Curtiss, ignorando em absoluto os acontecimentos da França e do resto do mundo.

Eram voos defendidos por juízes e não por cientistas.

Quem foi Glenn Curtiss

Para entendermos por que é importante para ‘alguns’ americanos que a história de Santos=Dumont seja obliterada, é importante sabermos quem foi Glenn Curtiss. 

Glenn Hammond Curtiss (21 de maio de 1878 - 23 de julho de 1930) foi talvez o mais importante pioneiro da aviação americana e fundador da indústria aeronáutica dos Estados Unidos. Ele começou sua carreira como piloto e construtor de bicicletas antes de passar para o motocicliesmo, em 1904, ele começou a fabricar motores para dirigíveis e em 1908, Curtiss juntou-se à Aerial Experiment Association, um grupo de pesquisa pioneiro, fundado por Alexander Graham Bell em Beinn Bhreagh, Nova Scotia, para construir aeronaves.

Curtiss trabalhava a luz do dia, criou a Curtiss Airplane and Motor Company. Sua empresa construiu aeronaves para o Exército e a Marinha dos Estados Unidos e, durante os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, seus experimentos com hidroaviões levaram a avanços na aviação naval. 

Os irmão Wright, por sua vez, que alegaram ter feito o voo auto propulsionado em 17 de dezembro de 1903, nunca apresentaram um motor (o que torna tal voo uma impossibilidade absoluta). A patente solicitada pelos irmãos denominada U.S. Patent 821,393, foi concedida em 22 de maio de 1906, mostra um planador, não muito diferente do que o Ukita Kōkichi usou para saltar da ponte do rio Ashigawa, 118 anos antes - veja a parte 1 dessa matéria.

Lacunas inesplicáveis

Desde o alegado voo de 1903, bem como o próprio avião dos Wright chamdo 'Flyer' , tudo era escondido do público e as tentavivas de voos só apareceim na forma de notas de jornais, jamais com fotos, enquanto que seus conterrâneos, Curtiss e Langley tentavam seus voos de forma científica, compartilhado e publicando seus resultados em rextensas reportágens com esquemas e fotos, em revistas respeitadas pelo meio como Scientific American e Nature.

É então que surge a Exposição Universal de 1904, também chamada de Feira Mundial de St Louis, uma feira mundial que aconteceu de 30 de abril a 1 de dezembro de 1904, em conjunto com a realização dos Jogos Olímpicos, momento ideal para os Wright mostrarem seu invento posto que o comitê de organização até mesmo daria prêmios para quem voasse no evento – mas eles não foram.


Hamburguer, refrigerantes e Hot Dogs foram popularizados nessa feira, que teve importância cultural enorme para a histórioa amricana, que teve a presença de Langley, Thomas Baldwin e William Avery.

Santos=Dumont foi más teve seu dirigível N.º 7 cortado com faca, possivlemente num ato de sabotágem, no dia 26 de junho de 1904, e a tão aguardada apresentação que faria, enormemente antecipada pelo publico americano, que a essa altura já amava Dumont, não pode ver seu voo.

O que então explica o fato de os irmãos Wright não terem mostrado seu avião no evento? Uma demonstração de voo não os ajudaria a vender seu aeroplano? Será que não se interessaram pelo prêmio?

Em 1905 os irmãos alegam terem voado por 38 minutos, e nunca ninguem soube com qual motor teriam feito isso, mas na demosntração pública de 1908, no qual o avião era lançado por catapulta aos ares, não conseguiam ficar no ar por mais de 2 minutos nos ares, perdendo altitude a cada voo ate aterisar. 

Nessa mesma época, alem do primerio voo documentado da história em 12 de novembro de 1906, feito pelo 14-Bis, Farman ganhava o tercerio prêmio Archdeacon usando um motor Antoinette, por perfomar o primerio voo circular, Louis Bleriot e Joseph Lagrange que tambem usava um Antoinette, voavam e permaneciam mais  tempo no ar do que os Wright.

Muito bem, por que então a opnião pública americana resolveu acatar os irmãos Wright como os primeiros a voar em detrimento de todos os outros que foram bem mais sucedidos e científicos que eles?

A resposta para essa pergunta é simples! Os Wright entraram com pedidos de patente, pagavam advogados para resguardar seus direitos contra ququer um que alegasse diminuir ou igualar seus feitos, era dito na época que ninguém podia abanar os braços, imitando o bater de asas, pois corriam o risco de serem processados pelos Wright.

Mesmo assim o Smithsonian mantinha como pioneiro da aviação, pasmem, Samuel Langley, que mesmo sem ter tido sucesso absoluto com seu voo de 1903 recebeu o título de 'Pai da Aviação Americana', quando em 1914, Gleen Curtis reproduziu com sucesso o voo do Aerodome. Esse título perdurou até o ano de 1948 – ou seja, até esse ponto, os Wright não tinham o reconhecimento científico do Instituto Smithsonian.

Outro tema importante a se pontuar aqui é que, enquanto os Wright defendiam seus parcos feitos com agressividade animalesca, Santos=Dmont, como sempre, elegantemente escrevia em seu livro O Que Eu Vi, O Que Nós Veremos:


“No ano seguinte o aeroplano Farman fez vôos que se tornaram célebres; foi esse inventor-aviador que primeiro conseguiu um vôo de ida e volta. Depois dele, veio Bleriot, e só dois anos mais tarde é que os irmãos Wright fazem os seus vôos. É verdade que eles dizem ter feito outros, porém às escondidas.
Eu não quero tirar em nada o mérito dos irmãos Wright, por quem tenho a maior admiração; mas é inegável que, só depois de nós, se apresentaram eles com um aparelho superior aos nossos, dizendo que era cópia de um que tinham construído antes dos nossos. Logo depois dos irmãos Wright, aparece Levavassor com o aeroplano "Antoinette", superior a tudo quanto, então, existia; Levavassor havia já 20 anos que trabalhava em resolver o problema do vôo; poderia, pois, dizer que o seu aparelho era cópia de outro construído muitos anos antes. Mas não o fez. 

O que diriam Edison, Graham Bell ou Marconi se, depois que apresentaram em público a lâmpada elétrica, o telefone e o telégrafo sem fios, um outro inventor se apresentasse com uma melhor lâmpada elétrica, telefone ou aparelho de telefonia sem fios dizendo que os tinha construído antes deles?!
A quem a humanidade deve a navegação aérea pelo mais pesado que o ar? 

Às experiências dos irmãos Wright, feitas às escondidas (eles são os próprios a dizer que fizeram todo o possível para que não transpirasse nada dos resultados de suas experiências) e que estavam tão ignoradas no mundo, que vemos todos qualificarem os meus de "minuto memorável na história da aviação", ou é aos Farman, Bleriot e a mim que fizemos todas as nossas demonstrações diante de comissões científicas e em plena luz do sol?”

Considerações Gerais

Quem vê a exposição de fatos de Palhares, sai convencido que Dumont foi sem dúvida o inventor do mais-pesado-que-o-ar.

Por que então deixamos o mundo acreditar que foram os Wright?

A resposta a essa pergunta pode gerar revolta em alguns de nós brasileiros, pois esta intimamente ligada com o "complexo de vira-latas" inferioridade auto infligida que alguns brasileiros se submetem voluntariamente quando em comparação ao resto do mundo, com um poder de auto-sabotágem e destrutividade sem limites, que atrasa em muito nosso desenvolvimento e parece causar uma espécie de esquizofrenia coletiva, bem como um karma de retrocesso, difícil de ser resgatado em varias gerações.

É muito importante assumir essa bronca e começar a mudar, pois nesse exato momento existem brasileiros tão ou até mesmo mais incríveis que Santos=Dumont, trabalhando em descobertas geniais que visam o bem da humanidade (e.g. Professor Nicolelis, Ester Caldeira Sabino, Jaqueline Goes, etc.).

Eu mesmo estou envolvido em pesquisas de desenvolvendo um processo de produção de Cauim, bebida ancestral brasileira com propósitos sócio culturais de grande valor para o Brasil. Nesses ultimos 10 anos, tenho encontrado todo tipo de barreiras para avançar no projeto, princiamente por parte de orgãos de fiscalização, sem o menor incentivo ao desenvolvimento tecnológico, tendo que pagar de próprio bolso pesquisas, experimetnos e viágens, tendo que lidar com a enorme burocracia, que já atrasa o lançamento em mais de 5 anos, sem perspectivas de data para criação da nova categoria pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Trata-se de uma bebida largamente conhecida pelos brasileiros, talvez ainda mais popular do que a chachaça, seguramente mais brasileira que a cachaça, que antecede em muito a chegada dos colonizadores nas Américas.

Por que essa bebdia ainda nã está disponível ao grande público?

O Cauim tem o ptencial, para as etnias que decidirem aderir ao projeto, de promover sua cultura de forma sustentável, mantendo e até mesmo ampliando as áreas de floresta em pé, gerando retorno de recursos sócio economicos de forma inédita em nossa história.

Outra experiencia que tive com o descaso de nossa gente com seu prórpio legado e cultura, bem como a  questão de gestão de museus e nossa herança cultural, aconteceu quando eu tinha 15~16 anos, época que trabalhei com a Dona Ada Rogato, pioneira brasileira da aviação que em 1951, fez o famoso vôo pelas três Américas, com o avião Cessna 140. 

Luiz Pagano ao lado do Cesna 140 que pertenceu a Dona Ada Rogato - - "Como pode esse avião sobreviver a sua dona?! - Quando eu tinha 16 anos, conheci uma das mulheres mais especiais de minha vida (minha esposa Jane, que eu amo muito, que me perdoe), foi Dona Ada Rogato.   Em 1983, eu queria trabalhar, fazer algo interessante - fui voluntário para limpar aviões no antigo museu da aeronáutica, na Oca do Ibirapuera. No primeiro dia de trabalho, a título de sacanagem, os dois outros caras que limpavam aviões comigo, o 'Colina' e o 'Odilon', deram a seguinte sugestão:  -Vai lá e pede para aquela senhora baixinha, um balde e solvente, para apagar os rabiscos desse Cessna". Nunca pensei que alguém pudesse me xingar mais do que ela... Era o avião que Dona Ada usou para circunavegar as Américas, cada lugar que ela parava, os habitantes locais assinavam e colocavam mensagens de carinho.  Antes de ir embora do museu, ficavamos com ela que contava alguma de suas diversas aventuras, nas quais, por muitas vezes teve que botar sua vida em risco por conta desse avião e suas assinaturas". 

Eu me ofereci para limpar o museu e as aeronaves, e o único pagamento que recebi foi ouvir as histórias incríveis que a Dona Ada costumava nos contar, todos os dias no final do expediente. Ela literalmente carregou o museu nas costas. Após sua morte, o museu saiu da Oca do Ibirapuera e o acervo se espalhou de forma muito irregular, sem que saibamos onde e como estão guardados.

Enquanto pessoas de outras nações brigam para que seus cientistas brilhem no meio acadêmico e fazem vaquinhas para inscreve-los no Prêmio Nobel, nós aqui damos pouco importância a isso e ficamos de mãos nos bolsos perguntando “quando será que um brasileiro receberá um Prêmio Nobel?”

Enquanto existe nos Estados Unidos marcos e memoriais dos Wright, em Dayton, Washington e em prticamente todos os estados, aqui no Brasil o museu da Oca foi desativado e seu acervo espalhado inadvertidamente pelo Brasil. Permitimos também que o Museu de Cabangu fosse desativdado por falta de verbas, e que o Mueu Nacional na Quinta da Boa Vista se defizese em chamas no último dia 2 de setembro de 2018.


Enquanto Tom Crouch, curador do Sithsonian desde 1974, escreveu dois livros sobre os irmãos e defende com unhas e dentes os feitos dos Wright, aqui temos uma liderança de museus que mal sabem da história de Santos=Dumont.

Fiquei lisongeado pelo convite, estar ao lado de Henrique Lins de Barros e Marcos Palhares, resgatando a importância desse heroi brasileiro, para inspirar as novas gerações, no dia de comemoração dos 115 anos do primeiro voo de Santos=Dumont, foi um belo momento de minha vida.

Essa postágem é um mero resumo, relato de minhas impressões da LIVE, sugiro formtemente que assista na integra para que tire suas próprias conclusões.


 

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