segunda-feira, 27 de junho de 2011

Santos=Dumont apaga parte de sua historia em Benérvile



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A vida de Santos=Dumont poderia ter sido melhor documentada , não fosse pelo episodio em Benérville, no litoral Francês próximo ao Balneário de Deuaville, no qual ele próprio queima seus documentos, fotos e objetos pessoais.

Sabe-se que depois das experiências realizadas com sua Demoiselle em janeiro de 1910, Santos=Dumont foi diagnosticado com esclerose múltipla e como uma chama que se apaga com a corrente de ar, Santos desaparece abruptamente.

Ele havia construído uma casa de estruturas modestas em Benérville, apelidada de La Boîte por sua forma quadrada para se refugiar.

Sabe-se ainda que lá recebeu a visita de seu grande amigo SEM, do agora muito entristecido mecânico Chapin e de Roland Garros, que fora até lá para acertar a compra de um Demoiselle numero 20 (possivelmente jogaram tênis em sua linda quadra).



Neste documento de 1913 vemos Santos relatar a construção da “La Boîte”


Dada a sua condição de saúde agora comprometida, S=D procurava fazer esportes e ocupar sua mente com prazeres científicos, construiu um observatório no teto de sua casa com um potente telescópio Zeiss e passou a observar os astros.

Observatório de Santos=Dumont – ao fundo o telescópio Zeiss. Santos=Dumont recebe seus amigos Ferdinand Charron e Emmanuel Aimé entre outros amigos.

Observando estas fotos, sabemos que recebeu outras visitas não tão famosas, tanto que não foi possível saber quem eram estas pessoas.

Sua reclusão custou caro, logo que a primeira guerra mundial foi declarada na Europa em agosto de 1914, Santos=Dumont recebeu a visita de duas viaturas dos Gendarmes que vieram pela denuncia de um visinho austríaco chamado Goujon. Este achou que S=D observava a movimentação no litoral da mancha com seu potente telescópio e se comunicava por meio de bandeiras náuticas erigidas em um mastro de navio instalado ao lado da casa.

Aquela época Santos queria se aproveitar dos louros de sua vida de aviador, gastava de design e estilo, alem das excentricidades de ter peças náuticas instaladas na vila, tinha um lindo Alda de 4 cilindros e 15HP, desenhado e construído por seu amigo Charron.


Ao vasculhar a casa, os policiais confiscaram diversos pertences, documentos e mantiveram Santos=Dumont em prisão domiciliar. Antonio Prado Jr, fora avisado e intervêm junto a Embaixada do Brasil para que o impasse fosse resolvido.

Foi então que Santos Dumont resolve abandonar sua residência, sem antes queimar em uma grande fogueira todos os documentos, plantas, livros e objetos, sem dar chance de segundas vias, ocasionando a maior perda de documentos históricos sobre este grande personagem.



Após a retirada de S=D os Gendarmes voltaram e confiscaram diversos outros pertences deixados por ele, inclusive o belo automóvel Alda. Exatos 62 anos depois, em setembro de 1976 Hubert Benedic esteve no local onde a casa fora construída, encontrou o lugar abandonado, com apenas parte do piso entre os destroços, “há de ambos os lados uma vista magnífica, que há de ter seduzido Santos=Dumont” conforme lê-se nesta carta enviada a família de Santos=Dumont.

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