A idéia de Santos = Dumont de compartilhar
conhecimento, sem qualquer compromisso com as leis de patentes, focando apenas
o único objetivo de conquistar o vôo, certamente causou a antecipação da
descoberta da aeronave até o início do século 20. Mas também foi a grande causa
da má interpretação dos americanos conferindo aos irmãos Wright o status de
inventores do avião.
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Santos = Dumont antecipou a filosofia
"wiki" em mais de 100 anos, no qual todas as informações sobre uma
invenção, em um processo de desenvolvimento específico, são colocados à
disposição de todos, a fim de multiplicar as chances de avanço - abrindo oportunidades
para um maior número de pessoas envolvidas na questão, visando a criação
definitiva da tal invenção (o termo "wiki" para designar esse
fenômeno aparece hoje no site da Wikipedia e também no livro
"Wikinomics", de Anthony D. Williams e Don Tapscott) - saiba mais sobre Santos=Dumont pai da filosofia Wiki
O que hoje é conhecido como "filosofiade pós-escassez", também foi criado por Santos Dumont- mas hoje o termo
"pós-escassez" ainda é tida mais como ficção científica, que uma
ciência.
O processo de invenção / criação através do
método de "pós-escassez" implica em usar com devoção intelectual
completa, procurando resolver os problemas, em relação aos estágios de criação,
levando em consideração que "podemos encontrar na natureza todo e qualquer
recurso para resolver todo e qualquer problema".
A ‘pós-escassez’ é o método no qual a
profunda observação da natureza, aliada ao mais perfeito uso da mente criativa,
permite testar a exaustão todas as possibilidades para obter a invenção de
algo, em sua melhor forma.
- A escassez acaba no momento em que percebemos a natureza
ilimitada de recursos que consideramos, por ignorância, como escassos.-
Como o próprio nome diz, o método de ‘pós-escassez’
implica também em medirmos bem o uso desses recursos para que não haja
desperdício e nem o mau-uso.
Veja a seguir a matéria na qual
Santos=Dumont apresenta o uso de “placas aéreas” como parte da solução do
desenvolvimento de um dirigível projetado para carregar passageiros, tal como
um ônibus aéreo, e tire suas próprias conclusões.
Jornalista e Artista do Evening Journal,
Coffin, entrevista o inventor e explica suas idéias – 30 de julho de 1902
Por G. A Coffin.
Homem de fibra, intelectual e físico.
Essa é a impressão que você tem quando se conversa com Santos-Dumont, o aeronauta brasileiro. Ele é um fatalista. De modo geral, os
navegadores do ar recorrem a todas as garantias em suas empreitadas perigosas,
mas o Sr. Santos confia inteiramente ao seu dirigível, descartando o pára-quedas
e apenas diz, elevando os ombros, quando considera a possibilidade de um
acidente durante o vôo é abordado :
"Bem, então estará tudo acabado."
Ao discutir a navegação aérea, Sr. Santos é
bastante cus-creativo*. Ele admite que a única maneira de se transportar
passageiros em uma aeronave é de aumentar enormemente o tamanho do balão e que
isso, naturalmente, faria com que seja mais difícil de se manejar em condições
climáticas desfavoráveis.
O limite de flutuação ou poder de elevação
foi praticamente alcançado, utilizando o gás de hidrogênio para as inflações.
Teoricamente, pode ser possível obter um
gás que daria um maior poder de elevação. O aumento de potência seria pequeno e
o custo grande. Mas a poupança seria tão duvidosa e os resultados tão pequenos
que seria inútil cogitar sobre ele.
Assim como todos os outros, que estudaram o
assunto. Sr. Santos verá que ele deve manter-se em outra direção procurar
assistência em alguma outra fonte.
Sua mais recente experiência
Ele me informou que seu balão "mergulha"
durante os voos. Balança como se estivesse cavalgando em uma ondulação do
oceano.
A fim de corrigir parcialmente essa
tendência o jovem aeronauta planejou duas partições em seu balão, que dividem o
saco de gás em três compartimentos. As superfícies das partições não são
envernizadas, tem pequenos furos e são porosas, permitindo que o gás se
infiltre ou passe lentamente através ‘dessa membrana’, evitando os males do ‘repentino’
deslocamento de gás.
Para fazer o seu dirigível absolutamente
estável Sr. Santos está prestes a adicionar algumas placas aereas à estrutura.
Estes são quadros simples de algum material leve, mas forte. Bambu ou de
alumínio, na qual, seda leve será esticada. O ajuste destas à vontade do
operador irá se provar eficaz em dar maior controle a aeronave.
Esta leve alteração feita por Santos-Dumont
não parece indicar nenhuma mudança muito radical na construção, mas na
realidade é uma alteração notável de seu design.
O jovem brasileiro, para alguns, pode
parecer um homem muito restrito, mas para mim a sua capacidade de ver as coisas
de um lado só aparece como o resultado de que a qualidade suprema que todo
homem bem-sucedido possui, ou seja, a concentração.
Ele vai aprender tudo o que há para ser
aprendido e colocar a utilização prática de seu conhecimento, e ai então,
desviá-la para alguma outra fase e lenta e seguramente, chegará a resultados
práticos que o mundo inteiro haverá de apreciar.
Creio que quando ele dominar completamente
o poder de elevação das placas aéreas, ele irá adicionar muitas dessas a seus
futuros dirigíveis, e descobrirá que, sem dúvida, acrescentou muito para o
poder de elevação, e por fim será capaz de construir uma nave capaz de
transportar um grande número de passageiros sem aumentar o atual tamanho do balão.
Outra coisa que seria de grande ajuda em sua
empreitada de navegação pelo ar seria a possibilidade de liquefação do
hidrogênio. Se isso pudesse ser feito em condições comerciais, o Sr. Santos
iria apenas ter que carregar alguns pequenos recipientes contendo hidrogênio
líquido, e lançaria uma pequena quantidade de cada vez para manter o balão
cheio. Há, naturalmente, muitas dificuldades no caminho, porem sabemos que, sem
dúvida, serão por ele superadas, como outras tantas antes dessas.
*Cus-criativo –termo em inglês
“cus-creative”, que se refere ao ato de canalizar a criatividade às
customizações. Algo como uma criatividade dirigida ou direcionada às aplicações
em pauta.
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A ' família' de inventos de Santos=Dumont - desenho dele, de 08 de janeiro de 1929 |
Logica do processo o de inventivo de Santos=Dumont
“O homem é incapaz de
voar” – essa fala que era constantemente ouvida por Santos=Dumont não o
desanimou. Sabia que o voo era plausível, tudo que tinha a fazer era abstrair o
conceito de impossibilidade. Em sua mente não havia escassez de recursos, muito pelo contrario, S=D testou uma gama enorme de possibilidades reais de voo.
Esses foram os passos
dados por Santos=Dumont para obter suas invenções, observe que tal como a
natureza faz, ele não deu saltos. Cada descoberta foi fruto de um processo de raciocínio
(de uma mente privilegiada) aplicado em situações praticas, em uma sequencia
logica impecável.
1 – Constatou que a invenção do avião, do voo do mais pesado
que o ar seja possível, posto que os pássaros, insetos e outros animais voam;
2 – Começou seu processo inventivo a partir da tecnologia aérea
em vigor, balões cativos e motores a vapor;
3 – Questionou o uso de motores a petróleo e passo a passo
inventou a dirigibilidade dos balões;
4 – Evoluiu seu invento seguindo uma ordem logica de
invenções até aperfeiçoar seu dirigível ao estado da arte;
5 – Começou a fazer experimentos com o mais pesado que o ar,
estudou a flutuação do mais pesado que o ar com a ajuda da deslocação e da
dirigibilidade (n.11 e n.14), e em testes na água (n. 18);
6 – Criou o voo do mais pesado que o ar (n. 14 Bis);
7 - Aperfeiçoou o voo do mais pesado que o ar em diversas
outras aeronaves (n. 15 a n.20);
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