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Santos=Dumont tratava seus inventos como 'sua família', é possível identificar as evoluções em seus inventos numerados. Acima o Dirigível, o biplano e por fim o monoplano. |
Santos Dumont é amplamente reconhecido por suas contribuições à aviação, mas seu legado vai muito além dos céus. Além de criar o 14-Bis e o Demoiselle, ele também foi responsável por invenções que moldaram o mundo moderno, tanto no campo aeronáutico quanto fora dele.
Santos Dumont e seus Métodos para Transformar Sonhos em Realidades
Santos Dumont era um autodidata - Ele criou seus próprios métodos para transformar seus sonhos em realidade.
O MAIS LEVE QUE O AR
No final do século 19 ninguém saberia se seria possível ou não o homem voar, tal como hoje é impossível dizer se chegaremos as luas de Júpiter, ou a um planeta fora de nosso sistema solar.
Santos Dumont tinha como objetivo explorar todas as possibilidades de voo conhecidas até então, bem como aquelas apenas imaginadas nas ficções de Julio Verne.
Os voos com balões cativos não tinham manobrabilidade nem dirigibilidade. Henry Giffard colocou uma maquina a vapor em seu dirigível, e tentou, sem sucesso, conduzir pelos ares.
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Balão Brasil de Santos=Dumont |
Santos=Dumont’s father suffered an accident that left him a hemiplegic. Unable to take care of the farm, he decided to sell it for a pulp and paper company in Brazil. The sale took place in 1891, and the amount paid to its owner was a huge fortune, 12 thousand contos de reis. Still young S=D was emancipated and received part of his fortune.
O pai de Santos=Dumont, o Sr. Henrique Dumont sofreu um acidente que deixou hemiplégico. Incapaz de cuidar da Fazenda ele decidiu vendê-la para companhia Melhoramentos do Brasil. A venda se concretizou em 1891, e o valor pago ao seu dono foi de uma enorme fortuna, 12 mil contos de reis. Ainda jovem S=D foi emancipado e recebeu parte desta fortuna.
Agora ele já tinha condições técnicas e também financeiras para perseguir seus sonhos.
Foi para Paris, encontrou com os construtores de balões Lachambre a Marchuron e começou suas aventuras de voo. Rapidamente, dominou todas as técnicas que precisava para conduzir um balão cativo pelos ares – o relato desses voos são apaixonantes, Santos Dumont viu maravilhas lá de cima.
Foi então que decidiu encomendar o menor balão cativo já feito, com apenas 113 metros cúbicos de hidrogênio tinha força para elevar do solo somente ele.
O balão individual, idealizado por Dumont tinha a finalidade de possibilitar os próximos passos - testar a possibilidades que viriam a ser validadas ou descartadas, seguindo rigoroso processo cientifico - e tinha que ser rigoroso, pois sua vida dependia do quão bem projetado seria seu próximo projeto.
Enxergou no cesto de vime o equipamento de segurança perfeito, o choque das bruscas aterrissagens dos balões eram perfeitamente absorvidos pela sua estrutura flexível e resistente.
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L'Amerique |
O balão Brasil foi testado e aprovado, no entanto ele tinha um problema - durante o voo cativo, o balão voava a sabor dos ventos e Dumont precisava de uma bicicleta para voltar de onde quer que tivesse pousado. Foi então que em menos de 8 dias do seu voo inaugural com o Brasil, Dumont chegou com seu segundo balão, o L'Amerique, com capacidade de quase 5 vezes mais hidrogênio.
Com o L'Amerique Dumont ganhou seu primeiro prêmio, pegou o primeiro lugar na taça dos Aeronautas por permanecer 22 horas no ar. Este viria ser o primeiro de muitos e importantes outros prêmios.
Uma vez dominada a primeira etapa de seu ciclo de invenções, Dumont, agora já podia subir pelos céus manobrar seu balão e projetar novos equipamentos, más ainda estava muito incomodado com a falta de poder de direção sobre o balão cativo, com isso ele dá um novo rumo a seus inventos.Ele decidiu colocar no cesto de vime o motor de seu triciclo De Dion Bouton, acoplado a uma hélice. Dessa forma ele poderia conduzir o balão na direção que quisesse.
No que ele considera seu primeiro experimento científico, com a ajuda da mecânicos, Dumont pendurou o triciclo em uma árvore e o acelerou, tentando ver se o torque e a vibração causariam problemas durante o voo. Percebeu que isso não seria problema, mas resolveu modificar seu motor, duplicando de um para dois pistões.
Aproveitando os seus agora 3.5 cavalos de potência do motor modificado, Dumont desmontou seu triciclo e agregou motor e carburador à uma nascele, composta de cesto de vime e um hélice de 40cm.
Dumont entendeu que um balão esférico tem muito arrasto e que voaria melhor se seu dirigível tivesse um formato cilíndrico como o modelo de Giffard. Faíscas do triciclo poderiam inflamar o hidrogênio no invólucro, então ele decidiu afastá-lo da nacele por meio de cordas muito longas, acrescentou um leme para fazer curvas para bombordo e estibordo, controle de pressão do envelope e contrapesos para direcionar o dirigível para cima e abaixo.
O hidrogênio do invólucro fazia igualar o peso do dirigível com nascele e cordas, sacos de areia faziam o papel de peso a proa e a poupa. Para fazer o dirigível subir, ele soltava o saco de poupa e recolhia o de proa, criando um desequilíbrio fazendo com que o nariz do invólucro inclinasse para cima, A força o motor empurrava o dirigível para o alto.
E para descer, ele fazia o inverso, recolhia o saco de poupa e soltava o de proa, desequilibrando o nariz do invólucro para baixo. de novo, a força do motor conduzia o dirigível para o solo.
Era a primeira vez na historia da humanidade que alguém conseguia controlar dois outros eixos de voo:
1-Eixo lateral controlando a arfagem do dirigível, permitindo que ele suba ou desça;
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2- e o eixo vertical, controlando a guinada para a direita e esquerda através do leme de cauda;
O terceiro eixo de voo, o de rolagem, só vai aparecer nos aeroplanos, falaremos mais tarde sobre eles.
Apesar das inúmeras conquistas com o número 1, havia mais alguns ajustes no projeto que deveriam ser feitos.
Mesmo tendo um balonete no centro do invólucro, que poderia ser inflado ao sinal de perda de tônus, o formato cilíndrico alongado do número um fazia com que o centro tivesse pouca capacidade de se manter intacto, e quando isso acontecia, dobrava-se em V e caia diretamente no solo.
Outro ajuste muito característico que o fez sair do número 1 e ir para o número 2 foi remover o leme dos cabos e colocá-lo na poupa do invólucro.
Mas ainda assim o invólucro continuava a dobrar-se no centro. Foi então que ele decidiu fazer o dirigível de numero 3, no formato de uma bola de rugby. Com este dirigível ele alcançou a perfeita autonomia de voo, porém ainda com pouca potencia e manobrabilidade deficitária.
Outra mudança importante que Santos Dumont fez com o número três foi o alongamento da haste de bambu para consolidar motor, assento, lastros de forma mais eficiente. Com o numero 3 SD fez varios voos sobre Paris.
O método de Dumont era simples e elegantemente científico, as modificações vinham de suas experiência multidisciplinares.
Tornava-se aos poucos em melhor piloto, engenheiro e projetista – tudo isso em grande velocidade.
É a partir deste ponto de sua vida que Dumont começa a conceber suas invenções como extensões de seu corpo, que mais tarde o tornaria conhecido por ser por muito tempo o único homem a pilotar as chamadas “aeronaves de vestir” a cada inovação substituiria cordas amarradas ao cesto de vime por volantes chaves, procurava melhorar item por item em processo contínuo de em eficiência e praticidade.
Com o número quatro Dumont testou várias inovações, abandonou o cesto de vime como elemento central e passou a adotar nasceles rígidas, ao perceber os benefícios do rígido bambu do numero 3.
Aumentou também o volume do involucro, primeiramente para 420 e pepois para 520 m3 de hidrogenio.
Alem disso substituiu lastros de areia por lastro líquido.
Outra substituição importante foi a do motor, passou de seu pitoresco De Dion Boutton modificado, primeirametne por um Buchet de 2cl com 7cv e depois por outro Buchet de 4 cl e 16 cavalos.
O número 4 trouxe grandes avanços para seus dirigíveis, mas ainda assim ele percebeu alguns defeitos que precisavam de modificações.
O primeiro deles era uma estrutura semelhante a uma barquinha poderia ser uma nascele muito mais eficiente para carregar o tanque de combusível, tanque de lastro líquido e muito mais.
Entendeu também que o selim de bicicleta não apresentava as condições necessárias de segurança em comparação com o recurso simples e altamente eficiente que é o cesto de vime.
E por fim, devido a constantes gripes que pegava por conta do vento gerado pela hélice, resolveu modificar sua disposição, que não mais puxava o dirigível más passou a empurrá-lo pelos ares.
Nesse ínterim, Santos=Dumont e Emmanuel Aimé constroem um balão chamado Le Fatum, com o objetivo de realizar experimentos de equilíbrio aerostático. Era um balão com manguito desmontável em tecido "frou-frou", com tinta preta e branca, chamado Thermosphére. Era uma aeronave alongada de 7 metros de altura e 310 metros cúbicos.
O primeiro voo ocorreu em 30 de maio de 1901.
E eis que chegam os dirigíveis campeões
Sua nova nascele é feita de madeira de pinho, presa ao invólucro de seda japonesa por meio de cordas de piano. A impermeabilização do invólucro é um composto com látex, especialmente desenvolvido pela empresa La Chambre & Marchuron, para que Santos=Dumont tenha as melhores chances de ganhar o prêmio Deutsch – cuja o percurso de 11 quilômetros era sair do Aeródromo de Saint-Cloud, contornar a torre Eiffel e voltar em menos de 30 minutos.
Santos Dumont se esforçou mais do que ninguém para conseguir conquistar o prêmio, não tinha concorrentes à altura, completou com sucesso o percurso longo em 12 de julho de 1901, caindo no dia seguinte nos castanheiros do Barão de Roschild.
Continuou seus voos até sofrer um grave acidente no dia oito de agosto no hotel Trocadero.
Domont rapidamente consertou o número 5 criando o número 6.
Como sempre, fez importantes alterações, movimentando o cesto e o motor para mais próximo da proa e aumentando o leme de cauda.
Teve seu primeiro voo no dia 6 de setembro de 1901 e acabou por conquistar o premio Deutsche no dia 19 de outubro do mesmo ano, tornando-se o primeiro homem a navegar pelos ares.
DIRIGÍVEIS DE CORRIDA E PASSEIO
O N.7 foi construído para participar da Louis World's Fair, uma exposição internacional realizada no estado de Missouri, nos Estados Unidos, de 30 de abril a 1º de dezembro de 1904.
O dirigível foi despachado no dia 6 de junho, e encontrou uma série de contratempos até chegar aos EUA. Primeiro uma taxa alfandegária exorbitante foi cobrada para regtirar a barquinha e depois verificou-se que o involucro chegou danificado. Há de fato suspeitas de sabotagem relacionadas a estes incidentes.
MEMÓRIAS DESPARECIDAS
A partir do final de 1903 as passagens de Santos=Dumont não ficam muito esclarecidas. Infelizmente, a vida de Santos=Dumont poderia ter sido melhor documentada , não fosse pelo episodio em Benérville, no litoral Francês próximo ao Balneário de Deuaville, no qual ele próprio queima seus documentos, fotos e objetos pessoais.
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Foi o 1.º dirígivel a voar na América, pilotado pelo Sr. Boyce em 01 de outubro de 1902 |
Portanto acedita-se que talvez o dirigível Nº 8, adquirido por Boyce, seja o Nº 6 modificado, assim como o número 6 veio de modificações no Nº 5 após o acidente de 8 de agosto. Os critérios para a numeração dos dirigíveis de Dumont nunca foram claros (saiba mais).
Com isso, talvez o Nº 8 ou o Nº 6 foi o primeiro dirigível a voar em solo americano, pilotado e comprado pelo Sr. Boyce em 01 de outurbro de 1902.
Para efeitos de cronologia incluí também o desenho explicativo do número 8.
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A primeira versão da “La Baladeuse“ com capacidade para 220m3 de gás |
Porém, foi com o balão Nº9, batizado de “La Baladeuse“, que Dumont passou a realizar vários outros sonhos, voava como quem dirige uma charrete pelos ares de Paris (daí o nome).
Desde 24 de junho de 1903 fazia vôos noturnos com um enorme farol, fabricado por seu amigo pessoal, o também famoso Louis Blériot, passava com ela em seu apartamento para tomar café, ia à La Casacade encontrar amigos, até transportava pessoas em seus voos.
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A primeira mulher a pilotar um dirigível na história foi Aida de Acosta, conduzindo seu número 9, em 11 de julho de 1903.
Mesmo tendo grande prazer em realizar seus sonhos de voos pessoais, Dumont era um humanista, entendia que suas invenções não deveriam servir apenas aos seus prazeres individuais, o voo era uma conquista para a humanidade.
Nesse sentido, em novembro de 1903, desenvolveu um Omnibus capaz de transportar mais alguns pares de cestas de vime em sua nacele para transportar passageiros.
Não há consenso se o número 11 era realmente este protótipo, aqui recriado no projeto de George Cayley, de um aeroplano de 15 metros que deveria voar com um motor Levavasseur de 24 cv.
VIAGEM AO ÁRTICO
O sonho de viver as aventuras de Júlio Verne nunca saiu de sua cabeça. Inspirado na expedição de Andrée para chegar ao Pólo Norte em 1897, Dumont projeta um balão que combina hidrogênio e ar quente, com o objetivo de manter os fluidos em boa temperatura e não cair como Salomon Andrée, em seu terceiro dia de viagem.
Outra solução possível para não sofrer com a pressão dos gases no frio poderia ter sido resolvida substituindo a força ascensional do invólucro de gás pelas hélices de um helicóptero, supostamente associado ao número 12 por Henrique Lins de Barros e outros biografos.
OS DIVERSOS 14'S
Ainda com a intenção de criar aeronaves de corrida, simplificar e deixar suas invenções mais elegantes, eram a palavra de ordem. Santos=Dumont apresenta seu dirigível número 14 na praia de Trouville - o menor dirigível do mundo.
Colocando a hélice imediatamente à frente do cesto e um volante cutro, tudo em um só conjunto, chamou a atenção pela forma alongada de seu involucro de 40 metros de comprimento.
Ai então, deixo que Dumont exolique suas decisões com realação ao eroplano, em proprias palavras:
"Perguntar-me-á o leitor porque não o construí mais cedo, ao mesmo tempo que os meus dirigíveis. É que o inventor, como a natureza de Linneu, não faz saltos; progride de manso, evolui. Comecei por fazer-me bom piloto de balão livre e só depois ataquei o problema de sua dirigibilidade. Fiz-me bom aeronauta no manejo dos meus dirigíveis; durante muitos anos, estudei a fundo o motor a petróleo e só quando verifiquei que o seu estado de perfeição era bastante para fazer voar, ataquei o problema do mais pesado que o ar.
A questão do aeroplano estava, havia já alguns anos, na ordem do dia; eu, porém, nunca tomava parte nas discussões, porque sempre acreditei que o inventor deve trabalhar em silêncio; as opiniões estranhas nunca produzem nada de bom".
Em 19 de julho, Dumont começou a conectar o aeroplano ao dirigível de N.14, chamando-o de "14-bis" (nome que ficaria famoso).
O MAIS PESADO QUE O AR
Depois de dominar tudo sobre o voo com o N14 conjugado ao 14-bis, Santos=Dumont já tinha aprendido a se piloto.
Se livrou do involucro (N.14) e começa a fazer testes uma estrutura construida em um terreno de sua propriedade em Neuilly, contou com a ajuda do famoso burrico Cuigno para levar o aeroplano de volta a seu ponto mais alto.
Agora que S=D ja sabia pilotar um aeroplano, finalmente era hora dos teste de voo.
Ele realizou esse sonho em 4 de setembro de 1906, quando voou pela primeira vez em seu avião número 14-Bis de nome 'Oiseau de Proie'. Foram pequenos vôos de 7 a 8 metros no Campo de Bagatelle, mas talvez o dia mais feliz de sua vida, pois finalmente conseguiu decolar, com força suficiente para se manter no ar.
Ao perceber que precisava do eixo rolamento (como vimos lá artras), ele colocou ailerons na ponta de cada asa.
Isso o encorajou a continuar até que no dia 23 de outubro ele conquistou a taça do Archdeacon, voando a 60 metros de distância de três metros de altura - Dumont não parou por aí...
Em 12 de novembro de 1906, ganhou também o prêmio do Aeroclube da França.
DEPOIS DO 14-bis
Mais uma vez, Santos=Dumont não ficou satisfeito com o voo do 14-bis, muito ainda tinha que ser feito.
Ainda no espírito das competições e com o intuito de participar da Copa Gordon Bennett, bem como dar continuidade aos experimentos para se livrar dos lastros no balonismo, iniciados com o Le Fatum, Santos=Dumont criou o Les Deux Ameriques, um balão esférico com duas hélices horizontais que fez papel de lastro.
Ele correu em 30 de setembro de 1906, partindo da Place de la Concorde em Paris.
Infelizmente, não ganhou o prêmio e decide voltar aos aerolanos com o N.15.
Era um aeroplano de compensado de madeira, tinha 16 metros de comprimento e 2150 m3 cúbicos, usava um motor Dion de 6 cavalos de potência para acionar duas hélices.
Antes mesmo da queda do 14-bis em 4 de abril de 1907 em Saint-Cyr, Dumont já fazia testes com o Número 15, testou controles para o eixo de rolágem nos dias 21, 23 e 27 de março de 1907.
De junho de 1907 a março de 1908, Dumont testa o N.16, uma aeronave híbrida, com asas e invólucro, tão leve quanto o ar. A ideia é testar a potência do motor e os controles de vôo.
Em setembro de 1907 Dumont dobrou a potência para 100 cavalos, colocando um motor Antoniette de 16 cilindros na nova aeronave de número 17. Não chegou a ser testada.
Algumas fontes sugerem que o apelido "La Sauterelle"pode ter sido uma referência à forma das ásas dobráveis, enquanto outras afirmam que o nome veio por conta do trem de pouso alto.
O N18 surgiu de uma aposta, o Sr. Charron apostou 10.000 francos contra os 2.000 do Sr. Bleriot de que não seria possível viajar 100 km/h sobre a água com qualquer dispositivo antes de 1º de abril de 1908.
Embora Dumont não tenha conseguido vencer a aposta devido aos seus saltos altos, o teste dos efeitos hidrodinâmicos do N. 18, com seus hidrofólios, simulou na água a relação de resistência e sustentação que as formas das asas deveriam ter na atmosfera.
Naquela época, Dumont fazia alterações em praticamente todos os voos, cada aeronave que decolava era única, suas inovações aconteciam em ritmo acelerado.
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S=D N. 19 modelo com mtor Dutheil & Chalmers de 20 cv com hélices mais parecida com as atuais, voou 200 m. |
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Detalhes do S=D N. 19 modelo com mtor Dutheil & Chalmers de 20 cv com hélices mais parecida com as atuais, voou 200 m. |
O Aeroplano de Numero 19 - Construído em 1907, realizou voos em St-Cyr e Issy-les-Moulineaux nos dias 16, 17 e 21 de novembro de 1907, era movido por um motor Dutheil & Chalmers de 2 cilindros de 19 cv.
Este modelo com duas hélices combinadas com um tripé central, foi pensado para tentar ganhar potência e tempo de voo, com o objetivo de ganhar o prémio Archdeacon de 1km.
Testes também realizados com um Darracq de 30 cavalos.
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S=D N. 19-bis modelo com mtor Antoniette de 50 CV |
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Detalhes do Santos=Dumont N. 19-bis modelo com mtor Antoniette de 50 CV |
Este penúltimo avião de número 19 foi a última etapa antes do N 20, teve seu primeiro voo em 1º de março de 1909 em St Cyr, neste primeiro formato, coroas gigantes fizeram um grande giro da hélice, durante o teste uma das pás da hélice se desprendeu, foi lançada a grande distância, até ser plantada no solo arenoso, de uma propriedade vizinha.
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S=D N. 19-bis 2 modelo com mtor Darracq de 30 cv com tripá e duas hélices conjugadas |
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Detalhes do S=D N. 19-bis 2 modelo com mtor Darracq de 30 cv com tripá e duas hélices conjugadas |
Já com hélices refeitas nos moldes das hélices modernas, o Número 20 denominado "La Demoiselle", bateu o recorde de distância necessária para decolagem em 16 de setembro de 1909, em 17 de setembro daquele ano voou até o castelo de Wideville, tinha 5,55 metros de comprimento, e 5,50 metros de largura, pesando 115 kg.
Depois de testar com diferentes modelos, testou diferentes motores, incluindo Dutheil & Chalmers com 2 cilindros e 30cv, Darracq com 30cv e Clement Bayard com 40cv.
Melhorando a cada voo, como sempre fez, ao final de apenas 8 anos desde que pendurou o triciclo na árvore, Santos=Dumont aprende a voar com balão, a projetar e construir dirigíveis, e também inventa, constrói e voa aviões.
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Santos=Dumont N. 20, Demoiselle - nesta configuração carrega um reservatório de combustível extra para aumentar a autonomia de voo. |
Como se não bastasse, faz o primeiro avião para ser construído em série, o Demoiselle, usando cultura de código aberto, algo que somente em 100 anos seria visto novamente.
Feito isso, agora finalmente, S=D domina o vôo pelo ar com o 'mais leve' e o 'mais pesado que o ar'.
Hoje, apenas 150 anos depois o mundo todo se interconecta e se reduz com os mais de 100.00 voos comerciais diários no planeta.
Outros Inventos
No universo da aviação, Dumont inovou com o aileron, um dos principais componentes para o controle de aeronaves, e projetou hangares com portas deslizantes, facilitando a movimentação dos dirigíveis.
Já no dia a dia, suas ideias foram além: ele é creditado pela criação do chuveiro de água quente individual, uma solução prática para a época, o lançador de salva-vidas, que aprimorou a segurança marítima do Guaraujá, o dispositivo para corridas de galgos e o incrível Marciano, pequeno motor individual que ajudava esquidores a subir montanhas nevadas, com mínimo esforço, entre muitos outros.
Veja a lista de invenções de Santos=Dumont em ordem cronológica. Clique nos links e/ou role a página para mais informações sobre as invenções.
Santos=Dumont tinha uma linha bem definida de raciocínio, Atacou o mais leve do que o Ar e evoluiu passo a passo até o mais pesado que o Ar, e por fim iniciou seus estudos no vôo individual e ornitóptero, “É que o inventor, como a natureza de Lineu, não faz saltos: progride de manso, evolui. Comecei por fazer-me bom piloto de balão livre e só depois ataquei o problema da dirigibilidade.
#__ | Nomes | Outros nomes ou grafias | Tipo & Características | Datas & Informações técnicas | ||||||||
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1 | Inventos | Familia Completa | ||||||||||
2 | Brasil | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
3 | L'Amerique | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
4 | S=D N.1 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
5 | NS=D N.2 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
6 | S=D N.3 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
7 | S=D N..4 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
8 | Fatum | Tão Leve quanto o Ar |
| |||||||||
9 | S=D N..5 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
10 | S=D N.6 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
11 | S=D N.7 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
12 | S=D N.8 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
13 | S=D N.9 La Balladeuse | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
14 | Cartier Santos* | Não é invenção de S=D |
|
| ||||||||
15 | S=D N.10 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
16 | S=D N.11 | Mais Pesado que o Ar |
| |||||||||
17 | S=D N.12 | Mais Pesado que o Ar |
| |||||||||
18 | S=D N.13 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
19 | S=D N.14 | Mais Leve que o Ar |
| |||||||||
20 | N.14-bis Oiseau de Proie | Mais Pesado que o Ar![]() |
| |||||||||
21 | N.15 | Mais Pesado que o Ar |
| |||||||||
22 | N.16 | Tão Leve quanto o Ar |
| |||||||||
23 | N.17 | Mais Pesado que o Ar |
| |||||||||
24 | N.18 | Hidroplanador |
| |||||||||
25 | N.19 | Mais Pesado que o Ar |
| |||||||||
26 | N.20 | Mais Pesado que o Ar |
| |||||||||
27 | Marciano | PROTÓTIPO |
| |||||||||
28 | Ícaro | PROTÓTIPO![]() |
| |||||||||
29 | Dispositivo p Corrida de Galgos | PROTÓTIPO![]() |
| |||||||||
30 | Encantada | PROTÓTIPO |
| |||||||||
31 | Catapulta Salva-Vidas | PROTÓTIPO |
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Hangar cosntruído para Santos=Dumont guardar seus dirigíveis em Long Island |
Ainda há muito a ser dito sobre o período após a conquista do prêmio Detutch, 4 de novembro de 1901, como:
-Sua viagem a Mônaco do final de 1901 a fevereiro de 1902, e consequente ida a Londres;
-Sua turnê por Nova York em 19 de abril, com o número 6, quando Mr. Boyce torna-se o primeiro homem a voar na América (minutos antes de Leo Stevens);
-Seu retorno a Paris em fevereiro de 1903 para construir o N.7 e N.9;
-Retorno aos EUA na primavera de 1904, com o N.6 reconstruído (possivelmente o N.8) e com o N.9 para vender ao Sr. Boyce.
-Retorno à França em 28 de maio de 1904, para fazer os preparativos de uma agenda lotada para seu terceiro retorno aos EUA;
- E finalmente, 12 de junho de 1904, quando S=D parte para os EUA em sua 3ª viagem, com várias atividades programadas, inclusive as demonstrações em St Louis (a bordo do SAVOIE) , quando tudo é frustrado a ver seu N.7 danificado.
Durante as pesquisas encontramos uma foto que me fez definitivamente escrever este artigo sobre os Sonhos de Santos=Dumont.
É uma foto dele segurando um modelo em escala do nº 6, no hangar de Long Island, pouco antes do Sr. Boyce fazer o não tão famoso voo antes de Stevens (infame, de fato, para os americanos).
Dumont inspira o espírito empreendedor de todo brasileiro, que vê no grande aviador motivo de orgulho e inspiração.
Por isso, resolvi postar hoje um artigo intitulado 'Santos=Dumont e seus Métodos para Transformar Sonhos em Realidades', que também conta com um video no Youtube (leia e assista).
O Tranformador Marciano
Em 03 de dezembro de 1928 Santos=Dumont desembarcou do Cap Arcona no Rio de Janeiro trazendo seus dois inventos, o “Transformador Marciano”e o “Ícaro”, fruto de pesquisas que fez nos últimos 3 anos (de 1925 a 1928) na “La Casucha” apartamento alugado de seu grande amigo e sócio o Marques de Soriano.
O transformador marciano, é um esqui mecânico, serve para escalar montanhas, bem-entendido, montanhas cobertas de neve. Para o escalante não haverá mais dispêndio de esforço próprio, no movimento das pernas, porque ele será fornecido pelo motor, extremamente leve. É um pequeno monocilindro a quatro tempos, de força de 1/10 HP e pesando apenas 880 gramas. Ele dá uma velocidade de 1,20 (metros) por segundo na ascensão de uma montanha.
Descrição do invento por Santos=Dumont
Um dia porem, durante o inverno de 1925-1926, chegando quase ao topo do Mont Joli, que domina Magève, encontrava-me esgotado, como uma locomotiva sem vapor. Infinitamente cansado, parei, com um esqui a frente e outro bem atrás, sem ter mais força para puxá-los! Isso acontecia invariavelmente ao fim de uma subida. Imóvel nessa posição, amaldiçoava a fraca capacidade inventiva do homem, que ainda não havia adaptado um motor às necessidades do esquiador e do montanhista.
Foi neste momento que, olhando a ponta de meu esqui colocando bem à frente, pensei: “Mas tenho aqui um verdadeiro ponto de apoio, porque a pele de foca impede meu esqui de recuar.
Se, dali por um fio, eu puxo o calcanhar do meu outro pé, este vai alcançar, ultrapassar o meu outro calcanhar e só parará por si na atura desta ponta.
Este esqui vai então se encontrar na posição ocupada pelo outro no instante anterior, e um segundo fio me permitirá recomeçar, para aquele, a mesma manobra.” Pois, como diziam os primeiros pesquisadores da direção dos balões: “Dê-nos um ponto de apoio – eis (a resposta ) para toda a questão”.
O Problema estava então resolvido. Era preciso pô-lo em pratica, ou seja, realizar, com um motor e automaticamente, o movimento de ir e vir, numa amplitude de mais de um metro.
O que me oferecia, para isso, a mecânica existente? Um virabrequim e uma biela, isto é, uma arvore munida de um cotovelo de 60cm e uma biela de cerca de dois metros. Para o esquiador, dois cotovelos e duas bielas. Eu não podia evidentemente concebe-lo (desta maneira). Eu fui forçado a inventar algo novo.
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Desenho técnico do márciano de Santos dumont |
Eis o que realizei: as bielas, eu as substituí por dois fios que, se em aço, não precisam ter a espessura maior que a de um cabelo. As arvores a manivela tornam-se então dois tambores levíssimos de magnésio, de apenas 25 gramas, os quais formam pequenos guinchos para os fios – e penso que não exagero muito ao dizer que, em movimento, as peças deste transformador são cem vezes mais leves que no antigo sistema a bielas. E a baixa inércia das partes móveis é de grande interesse numa máquina a qual se submetem às contínuas inversões de marcha.
A primeira figura mostra meu transformador de 95 gramas para um motor de 1/10 cv colocado sobre as costas de um esquiador. A figura numero 2 mostra um modelo maior, de 450 gramas, para um motor de 2 cv, ou mesmo mais.
Eis como funcionam.
Tomemos, por exemplo, o modelo grande (Fig.2)
O movimento rotativo do motor e recebido pelo pinhão R, encadeado na arvore O, que segue para os rolamentos P1 e P2. Sob esta arvore ficam dois tambores A e B, sobre os quais se enrolam os fios de que falamos. Enfim, entre estes, um disco D, preso ao eixo por uma longa chave que pode deslizar-se ao longo deste. É comandado por meio de um sistema composto por um cabo interior T e de uma alavanca L, Os tambores A,B e o disco D que sustent as cavidades e as saliências correspondentes, vemos aqui que podemos através desta alavanca L mudarmos um ou o outro tambor sobre o eixo O.
Seguimos agora aos fios F1 e F2 dos tambores. No presente caso estes se ligarão cada um a ponta de um esqui, passando por uma polia presa no calcanhar do pé oposto, e antes ainda, por dois pequenos buracos L1 e L2 que possuem, um pouco mais adiante, dois nós N1 e N2, não podendo ultrapassar os dois buracos esta posição, garante automaticamente a troca de marcha; vejamos como:
Com o motor acionado, a correia R e o Eixo O movem o disco D, simples assim.
Para iniciar o movimento alternativo, para embraiar, empurremos, por um comando qualquer, a alavanca L; esta puxa o braço T que aplica o disco D sobre o tambor B. Este entra em sintonia com arvore e gira com a mesma. O fio F2 enrola-se então sobre o guincho-tambor B e as diferentes peças encontram-se na posição da figura 1. Esse movimento deve continuar até que o nó N2 venha bater contra a peça T2 e a puxe. Mas esta batida está ligada à alavanca de comando L, que vai ser acionada, o que trará como consequência deslocar o disco D para a esquerda, o que quer dizer desembraiar o tambor B e embraiar o tambor A. Será o fio F que, nesta segunda etapa, vai enrolar-se, até a chegada do nó N1 sobre seu ponto de batida; esta inverterá de novo a embreagem dos tambores. Notemos que, durante este segundo tempo, o fio F2 puxado pelo esqui se desenvolverá sobre seu tambor, que pode girar livremente.
Este movimento duplo deve, no caso do esquiador, realizar-se perto de duas vezes por segundo. Mas que meu jovem leitor ou minha bela leitora nao se preocupem com isso. Nem suspeitam que as válvulas do motor de seu cabriolé se abrem e se fecham mais de 60 vezes por segundo. Diz-se mesmo que os átomos, nas moléculas que lhes servem de prisão, ficam tão inquietos, tão agitados, que vão da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, dez milhões de bilhões de vezes por segundo. Mas eu não tenho aqui mais que uma confiança limitada quanto à precisão das medidas.
Na minha maquina, vêem-se e contam-se os batimentos que lhe dão mesmo a aparência, muito divertida, a de um ser vivo.
Apresento agora duas figuras explicando o movimento dos esquis.
Na primeira (fig...), o esqui direito está posicionado para trás. O fio ligado à sua ponta acaba de terminar seu trabalho levando a sola do pé esquerdo para a frente, e seu nó, ao chegar no ponto de batida, faz a mudança de marcha no transformador.
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Mme. Ponget testando o "Marciano" |
O fio ligado à ponta do outro esqui – o esquerdo – vai então começar a se enrolar em seu pequeno guincho. Empurrando a sola direita até a posição da outra figura (fig.... ...). De novo, a inversão da marcha funcionará, e isso cerca de duas vezes por segundo.
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