domingo, 12 de outubro de 2008

Uma aposta cria o numero 18 – Le Hydro-Glisseur (O Hidroplano)


Santos=Dumont foi desafiado por Charron, durante um jantar no Maxim’s, a atingir 100 quilômetros por hora na água.

“Infatigável pesquisador de imaginação fecunda, o senhor Santos=Dumont parece mais um amador de proezas que de sucessos duráveis. Após ter contornado a Torre Eiffel com o seu primeiro balão dirigível. De executar sábias e preciosas manobras em Trouville com outro balão, agora ele lançou-se de corpo na aviação... Depois, sem abandonar um ou outro modo de locomoção aérea, eis que sonha em vencer o elemento liquido com o seu hidroplano...Durante um jantar, doravante histórico, entre esportistas da mais alta linhagem, os convivas acharam agradável assumir mutuamente desafios muito sérios e encorajadores. Em 24 de julho de 1906, o senhor Charron, talvez um pouco vitima do não menos histórico “calor comunicativo” do banquete que oferecia aos amigos, comprometeu-se da seguinte maneira:


1 – O senhor F. Charron apostou 10.000 francos contra 2.000 do senhor Bleriot que não seria possível fazer 100 km/h sobre a água com um aparelho qualquer antes de 1º de abril de 1908. Esta velocidade deverá ser atingida sobre um percurso de somente 1 km, mas nos dois sentidos, sendo a média dos dois experimentos que deverá ser considerada. Árbitro: o cavalheiro René de Knyff.

2 – O senhor F. Charron apostou 50.000 francos contra 5.000 de Santos=Dumont que este ultimo não poderia fazer 100km/h sobre a água antes de 1º de abril de 1908. Modo de cronometrágem como precedente.

3 – O senhor F. Charron e o Marques de Dion apostaram 5.000 francos contra os senhores Archdeacon e Santos=Dumont que eles não verão antes de 1º de fevereiro de 1908 um aeroplano voar a distancia de 500m sem tocar a terra”.

René Doncières – “Les nouveaux Santos=Dumont”, La Nature, n. 1796 26 de outubro de 1906, p. 344




Construiu então um deslisador aquatico, formado basicamente por um longo flutuador em forma de charuto, com dois flutuadores laterais movido com um motor Antoniette de 16 cilindros e 100 cavalos. Para a elaboração dos mesmos, estruturas de madeira foram revestidas com tecido impermeável.

Santos=Dumont testou inicialmente a hidrodinâmica do aparelho sem motor, rebocado pela lancha La Rapiére no rio Sena. Posteriormente colocou o grande motor com hélice de três pás do Nº 17, que foi, assim, desativado antes de ser testado.
Levou novamente o agora Nº 18 ao rio Sena e, num dia nublado, preparou-se para os ensaios Nos primeiros testes, já com o motor montado, mas desligado, o aparelho foi ainda rebocado pela lancha.
Uma multidão acompanhava toda a movimentação e, entre divertida e preocupada, testemunhou o incansável pioneiro cair na água numa curva um pouco mais fechada.
Impassível, Santos=Dumont posou molhado para as fotografias. Nos testes seguintes, com o motor ligado, os flutuadores tendiam a afundar na água; o piloto não conseguiu desenvolver a velocidade projetada e perdeu a aposta.

Eu naveguei pelo ar – João Luiz Musa


3 comentários:

Katya Dominguez disse...

Belíssimo trabalho o seu! Da forma como fez, parece até um livro de Júlio Verne, rsrs, nem parece que o nosso amadíssimo santos Dumont de fato existiu!

Quem fez as ilustrações está de parabéns também. São belas, merecem um livro, já pensou nisso? Foi você quem as fez?

Abraços e sucesso!
Katya.

Luiz Pagano disse...

Oi Katya,

Muito obrigado pela sua participação no meu blog, agradeço também pelo elogio as minhas ilustrações. Minha intenção é a de fazer um livro mas ainda não tenho ilustrações suficientes para isso.

Acho que daqui a um ano e meio já terei formatado o livro.

Abc e mais uma vez obrigado!

Paulo D'Auria disse...

Oi, Luiz

Vim agradecer seu comentário em meu poema lá nos Poetas do Tietê.

Já conhecia o Capivara Paulistana, do qual sou fã, mas este blog é demais!

Para mim Santos=Dummont é um dos grandes brasileiros de todos os tempos (Junto com Monteiro Lobato, Machado de Assis, Oscar Niemeyer e o folclorista Câmara Cascudo); e o não reconhecimento pelo mundo de seu grande invento, uma grande injustiça!

Ele merece todas as homenagens que lhe são dedicadas, ainda mais uma tão bem feita como este blog!

Parabéns!