terça-feira, 8 de agosto de 2023

Aniversário de 8 de agosto, 122 anos do acidente que fez S=D conquistar o Prêmio Deutsch




O acidente do dia 8 de agosto é muito importante para a conquista do prêmio Deutsch e, consequentemente, de todas as conquistas do S=D, ninguém atinge um objetivo se não se meter a fazer, realizar - sair do conforto e se comprometer com algo, os biógrafos pecam e só relatar vitórias. 


É nos acidentes que se encontra solução para seguir em frente, tanto mentalmente, não desistindo; como cientificamente, resolvendo inconsistências científicas.

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A 'Conquista do Prêmio Deutsch' por Santos=Dumont marcou um marco histórico significativo, não apenas por sua notável vitória em alcançar a dirigibilidade pelos ares, mas também por sua realização dentro de um limite de tempo. 

Más como qualquer sucesso, teve muito ajuste no caminho - um deles foi o acidente de oito de agosto, "8/8".

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Em um concurso praticamente sem concorrentes, devido ao impressionante avanço de suas conquistas na ciência do voo, Santos=Dumont construiu o dirigível n. 5, equipado com um motor mais potente, para realizar a viagem entre o Parc de Saint-Cloud e a Torre Eiffel em menos de trinta minutos.

No dia 19 de outubro de 1901, Santos=Dumont sobrevoou a Torre Eiffel com maestria, completando o desafio em 29 minutos e 30 segundos. Essa conquista não apenas estabeleceu sua superioridade no campo da aviação, mas também o destacou como uma verdadeira celebridade mundial. Sua habilidade em alcançar a dirigibilidade e cumprir o tempo estabelecido solidificou sua posição como um pioneiro visionário, prometendo trazer asas para o mundo.

Esta foto é maravilhosa, descreve exatamente o momento de decepção e dor de Santos=Dumont. Ele acaba de sofrer o pior revés de sua carreira, pois quando estava prestes a ganhar o prêmio, sofreu um acidente que destruiu sua aeronave. Há um chiaroscuro natural na foto - do lado direito de Dumont a luz atinge o público que adora assistir suas aventuras em Paris e parecem dizer "não desista". Ao seu lado esquerdo, pessoas nas sombras e com a cabeça baixa parecem corroborar sua dor. Dumont optou oela luz - em menos de dois meses desse tragico acidente, construiu um dirigivel novo e finalmente conquistou o prêmio.

A partir desse momento, Santos=Dumont se tornou uma figura icônica e inspiradora, um símbolo de inovação e progresso. Sua vitória no Prêmio Deutsch não apenas impulsionou a aviação, mas também perpetuou sua imagem como o homem que transformou o sonho de voar em realidade, deixando um legado que ecoa através das gerações como um verdadeiro Pai da Exploração Aérea.

A Benção da Princesa

Em 13 de julho de 1901, após contornar a Torre Eiffel com o N.5 Santos=Dumont recebeu um convite para ir ao palácio da Princesa Isabel, agora Condessa de d'Eu.

São Bento e São Benedito são figuras distintas na história; São Bento (480 ~547dC) foi o fundador da ordem beneditina, não deve ser confundido com São Benedito, o Mouro (1526 ~1589) - Ambos tem grande devoção no Brasil. Observe também sua abotoadura Chanel. Dumont tinha grande amizade e respeito por Coco Chanel, que revolucionou o mundo da moda com vestidos menos estruturados.

Ela ficou preocupada, como uma mãe brasileira que vê o filho fazendo acrobacias nos céus estrangeiros e resolveu dar a ele um amuleto de proteção, uma medalha de São Bento que o abençoa desde então.

O Acidente que deu o Rumo Certo

No dia 8 de agosto, Santos=Dumont decolou do aeródromo de Saint-Cloud, sob os aplausos de mais de 200 pessoas que se levantaram cedo para assistir à sua façanha e à comissão técnica do Prêmio Detusch.

Nesta antiga foto da Ile de Cygnes feita por Nadar podemos facilmente localizar o prédio do antigo hotel Trocadero, que ficou famoso por ter suas inúmeras fotos com a barquinha do N.5. Demolido em algum momento, deu lugar ao prédio gêmeo do previamente construído em 1901 (saiba mais)

Ele precisava chegar à Torre Eiffel, contorná-la e retornar ao ponto de partida em 30 minutos, conforme descrito nas regras do prêmio de 100 mil francos oferecido pelo Aeroclube de France.

Inexplicavelmente, o balão começou a esvaziar com a perda de hidrogênio. Sem a rigidez do envelope, um cabo de sustentação se soltou, sendo destruído pela hélice do dirigível.

Santos=Dumont só tinha uma opção: a 200 metros de altura, desligou o motor e controlou o dirigível como se fosse um balão cativo até cair sobre o Hotel Trocadero - veja aqui a sequência completa da queda.

Relatos de Santos=Dumont ilustrados por Luiz Pagano


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“C
hego agora ao dia terrível: 8 de agosto de 1901. Em presença da Comissão Científica do Aeroclube, larguei-me para a Torre Eiffel. Contornei-a ao cabo de 9 minutos e tomei a direção de Saint Cloud. Por infelicidade, um acidente enfraquecera a mola de uma das válvulas automáticas e o balão perdia hidrogênio. Arrisquei prosseguir. O balão contraía-se visivelmente; a tal ponto que ao alcançar as fortificações de Paris, perto de La Muette as cordas de suspensão arqueavam-se tanto que as mais vizinhas do propulsor engancharam-se na hélice em marcha.Vi o propulsor cortá-las e arrancá-las. Parei o motor.


O vento, que soprava com força, levou instantaneamente o aparelho para o lado da Torre Eiffel. Ao mesmo tempo, eu caía. A perda de gás era considerável.
Teria podido atirar fora muito lastro e amortecer sensivelmente a queda, mas assim o vento teria tempo de me jogar contra os ferros do grande monumento. Preferi deixar a aeronave ir a seu modo (…)Eu caía. E o vento me levava para a Torre Eiffel (…)a extremidade do meu balão alongado, que conservava ainda todo o seu gás, foi bater contra um telhado mesmo no momento de franqueá-lo.

O balão estourou, com um grande barulho (…)
Graças a Deus não houve explosão de hidrogênio, o invólucro estourou como um balão de aniversário, fazendo muito barulho.

Um saco de papel cheio de ar, batido de encontro a uma parede, arrebenta-se, produzindo um grande ruído; pois bem, o meu balão, saco que não era pequeno, fez um barulho assim, mas... em ponto grande. 


Ficou completamente destruído.

La destruction et le sauvage du Santos=Dumont N.5 - La Vie Illustrée 16 de agosto de 1901

Não se encontrava pedaço maior do que um guardanapo!


Salvei-me por verdadeiro milagre,
pois fiquei dependurado por algumas cordas, que faziam parte do balão, em posição incomoda e perigosa, de que me vieram tirar os bombeiros de Paris”

Levantou, sacodiu a peira e fez o Dirigivel Númwero 6

“I niciei a construção de um novo balão e novo motor, este um pouco mais forte,aquele um pouco maior. Três semanas,contadas dia por dia, após o último desastre, meu aparelho, o n° 6, estava pronto.

O tempo, porém, continuava mau. Em 19 de outubro de 1901 à tarde, pois a manhã foi chuvosa, a partida oficial teve lugar ás 2 horas e 42. Embora o vento me açoitasse de lado, com tendência para levar-me para a esquerda da Torre, mantive-me na sua linha direta. Avancei elevando gradualmente a aeronave a uma altitude de 10 metros acima do seu pico. Esta manobra fazia-me perder tempo, mas premunia-me, na medida do possível, contra todo perigo de contato com o monumento.Subi de novo, contornei a Torre, a uma altura de 250 metros, sobre uma enorme multidão que aí estacionava à minha espera.A volta foi demorada. O vento era contrário. O motor, que até então havia se comportado bem, assim que deixou a Torre para trás uns 500 metros, ameaçou parar. Tive um instante de graveindecisão. Era preciso tomar uma medida rápida. Com o risco de desviar o rumo, abandonei por um momento o leme a fim de concentrar a atenção na maneta do carburador e na alavanca de comando da faísca elétrica.

O motor, que havia quase parado, retomou o seu ritmo. 

Eu acabava de atingir o Bosque de Bolonha. Aí, por um fenômeno que bem conhecem todos os aeronautas, a frescura das árvores começou a fazer o balão progressivamente mais pesado. E por desagradável coincidência, o motor voltou a moderar a velocidade. De tal sorte que a aeronave descia ao mesmo tempo que a força motriz tomava-se menor. Para me opor à descida tive que empurrar para trás o guide-rope e os pesos deslocáveis. A aeronave tomou uma posição diagonal e o que restava de energia ao propulsor fê-lo remontar de modo contínuo.


Eu havia chegado à pista do campo de corridas d’Auteuil. O aparelho passava por cima do público, com a proa levantada muito alto, e eu ouvia os aplausos da enorme multidão, quando, repentinamente, meu caprichoso motor readquiriu sua plena velocidade. Subitamente acelerado, o propulsor, que se encontrava quase sob a aeronave, tão empinada ia esta, exagerou ainda mais a inclinação. Às ovações sucederam-se gritos de alarme.
Da minha saída ao momento em que passei do zênite do ponto de partida, decorreram 29 minutos e 30 segundos. Com a velocidade que levava, passei a linha da chegada - como fazem os yachts, os barcos a petróleo, os cavalos de corridas, etc.
- , diminuí a força do motor e virei de bordo; então, voltando, e com menos velocidade, manobrei para tocar a terra, o que fiz em 31 minutos após minha partida.
Não sabia ainda qual o tempo exato. Gritei: - Ganhei? Foi a multidão que me respondeu: - Sim! Pois bem, alguns senhores quiseram que fosse esse o tempo oficial! Grandes polêmicas. Tive comigo toda a imprensa e o povo de Paris e também Son Altesse Imperiale le Prince Roland Bonaparte, presidente da Comissão Científica que ia julgar o assunto. O voto me foi favorável.”

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